Reflexões
Espaço aberto para ponderações e pensamentos que surgem durante as trajetórias de trabalho de nossos associados.
Qual o meu vínculo com a Terra? por Thalita Mazepa Em 1970, um senador americano e sua equipe estabeleceram uma data para sensibilizar e trazer consciência aos impactos da ação humana sobre a natureza. Somos responsáveis, como humanidade, pela poluição ambiental, destruição de habitats e extinção de espécies; desequilíbrio climático, agravamento do efeito estufa e outros vários impactos negativos de nossa presença. Se houvesse um tribunal da Natureza a humanidade já estaria condenada por seus crimes e suas escolhas. Nos consideramos donos da Terra e nesta posição “fantástica”, definimos, de forma muitas vezes inconsciente, o nosso destino e o de milhares de outros seres que coabitam esta mesma casa. Vivemos na superfície deste grande Ser, suas camadas e seu núcleo são tão profundos que os conhecemos mais por hipóteses do que por certezas. Seus inúmeros movimentos em torno de si mesmo, do Sol, em conjunto com a Via Láctea e todo o universo, nos afetam de formas visíveis e sutis,nos levam a destinos desconhecidos e distantes dos limites de nossa mente que busca compreender o infinito, com suas linhas de finitude. Estamos completamente ligados a este Ser, pegamos emprestado seus elementos para o nosso existir. Vislumbramos o mesmo céu, as estrelas, o mar há muitas e muitas vidas (o que muitas vezes nos provoca um sentimento de segurança inexplicável ao vê-los ). E compartilhamos com outras espécies de vida este mesmo cenário e permissão de existência. Nossa relação com a Terra depende de nossa consciência, de seres capazes de escolher como agir, mas que foram educados a consumir, a buscar um poder sobre, a acumular pertences; e que no final desta jornada estes mesmos seres voltam para esta terra, sem pertences, quase que sem vestes, apagam-se seus traços, mas ficam suas pegadas e o modelo para outros aprofundarem suas pisadas que secam vidas. Em muitas civilizações antigas, as construções se alinhavam aos movimentos da Terra e a conexão que ela possui com o universo. Podemos resgatar aprendizados, evoluir em sentimentos e nos conectarmos com mais cuidado a este Ser, aprendendo a Ser parte. Podemos reatualizar o sentimento dos povos antigos, de vínculo profundo com a terra que chamavam, respeitosamente, de Mãe-Terra. Aprender com seus movimentos a agir de forma mais cíclica e natural, nem tudo cresce ao mesmo tempo, tudo tem seu momento. Que neste dia o vínculo de cada um com a Terra seja celebrado, o pacto de cuidá-la seja renovado com respeito e o aprender a fazer parte aconteça com humildade, firmando assim o laço infinito. -Thalita Mazepa “Tellus, deusa santa, Mãe da natureza vivente Amamentadora da vida Tu punes e recompensas com eterna justiça E, quando a vida nos deixa, É em ti que encontramos refúgio Portanto tudo que tu distribuis Á tua matriz retorna. É justamente por isso que te chamamos Mãe dos Deuses Pois pela Justiça Tu conquistastes o poder dos deuses Tu és verdadeiramente mãe dos povos e dos deuses, Pois sem Ti nada pode prosperar, nada pode existir Tu és poderosa – entre os deuses tu és A rainha e também a Deusa.” (Elegia II d.C.)
Reflexões sobre nós e o Meio Ambiente por Thalita Mazepa Desde de menina me lembro de sentir uma certa angústia quando assistia os filmes que falavam do futuro e neles só existiam máquinas e terra seca. Pensava de que adiantava voarmos e vivermos sozinhos como espécie. Uma solidão tomava conta do meu coração, como se fosse uma grande falha isso chegar a acontecer. O que significa vivermos? Se a realização de nossa espécie significar a extinção das outras, o Ter é mais importante que o Ser, a relação com a vida é de consumo e acúmulo, e neste jogo vivemos buscando sobreviver e fugir da escassez de coisas. Fomos criados para viver nas regras da sociedade: a falar sobres os mesmos anseios de economia, tempo e governo. A admirar os que possuem luxo, poder e dinheiro. A ver realização nos diplomas, elogios e prêmios. Mas diariamente nos sentimos vivendo? Ou nos sentimos mais morrendo? Talvez a vida não seja um anseio constante de ter mais tempo e seja um breve momento de estar conectado no que está fazendo. A indiferença adoece a nossa espécie, somos indiferentes com conhecidos e desconhecidos, corremos atrás de saúde, dinheiro e tempo, mas perdemos a oportunidade de nos entregarmos ao que a vida nos traz em um momento. Quando perdemos as perguntas sobre a vida? Sobre qual é o fim do universo? O que são as estrelas? Para onde vamos quando morremos? O que temos que fazer em quanto vivemos? O que podemos aprender com uma árvore? Para onde como sistema solar nos movemos? Muito provável que as respostas do google, não saciem as camadas mais profundas das perguntas, aquela parte mais oculta que está na Alma. Não são as respostas que nos movem, mas as perguntas, talvez nos momentos que fomos deixando de perguntar, foram os momentos que deixamos de buscar o sentido mais amplo da vida. Sentir a vida é uma das sensações mais poderosas verdadeiramente, por conter um mistério de existência, o lugar oculto da procedência e destino. Sentimos ao partilhar nascimento, a nos recuperarmos de doenças, nos momentos de recomeço e de amor verdadeiro. Uma forma de nos sensibilizarmos a cuidar do meio ambiente, é nos habituarmos a sentir ele, sentir a força de vida de uma árvore, a energia revigorante de uma cachoeira, o olhar cheio de afeto de um animal, a presença harmônica de uma planta, a suavidade do voo de uma ave. Na lógica de nossa mente, os muros, calçadas e correntes, são necessários e lucrativos; Árvores, flores e outros seres, quase aspectos decorativos. Não há como cuidar do meio ambiente sem se importar com ele, talvez devemos utilizar um pensar-sentir diferente: ousar deixar de herança árvores, gerar e proteger habitat de outros seres, e presentear o futuro cuidando de nascentes. Se tornar guardião de um pedaço de terra, na consciência de ser um Ser a mais nela, mas que diante de outros seres humanos, cuida para que lembremos que nosso papel também é de servos e não de eleitos. Uma ambição existencial é nos tornamos cuidares da vida, mesmo sem as respostas definitivas do sentido desta sina. São reflexões que ofereço a este momento de colocarmos a consciência em como cuidamos do meio ambiente. Thalita Mazepa